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Mulheres são as maiores vítimas da falta de saneamento, diz estudo

Afastamentos do trabalho ou da escola por diarreia e vômito foram de 76 casos por mil habitantes, entre as mulheres, e 73 no caso dos homens.

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É uma questão de lógica. Você deve estar cansado de saber que a falta de saneamento básico, que é gravíssima no Brasil, não afeta igualmente os cidadãos. É claro que os mais pobres são mais atingidos. Mas o impacto é diferente também entre homens e mulheres.

O perigo para a saúde está no caminho de milhões de brasileiros. Esgoto a céu aberto, muitas vezes, misturado com os canos improvisados que trazem a água que vão beber. “Isso é esgoto. É esgoto, passa água de tudo aí dentro. E passa bem na frente da minha casa”, diz a dona de casa Gracelia Fortunato.

Um estudo do Instituto Trata Brasil, com base em dados do IBGE e do Ministério da Saúde, mostrou que, em 2016, um de cada quatro brasileiros não tinha acesso à água tratada ou não recebia água com regularidade ou, ainda, não tinha sistema adequado de esgoto.

“A incidência de doenças associadas a falta de saneamento é maior entre as mulheres do que entre os homens para praticamente todas as faixas etárias’, diz o pesquisador do Instituto Trata Brasil Fernando Garcia de Freitas.

Os afastamentos do trabalho ou da escola por diarreia e vômito foram de 76 casos por mil habitantes, entre as mulheres, e 73 no caso dos homens.

A Lisandra, o Everton e os três filhos vivem em uma ocupação há um ano e não deve ser nada fácil morar em um barraco de madeira coberto com uma lona plástica para proteger da chuva. Dentro, tudo é muito simples, tudo lá é do jeito que dá. Com uma exceção: há sete meses eles receberam algo que deveria ser direito básico de todas as famílias e que tem um poder de mudar vidas: água limpa.

A Lisandra conta que tinha que ficar em casa por causa do bebê pequeno e porque as meninas viviam com diarreia. “Eu tinha que ficar cuidando delas, fazendo remédio, aqueles chás caseiros, para ver se passava a diarreia. Trabalhar nem pensar”, conta Lisandra.


“Se ela fica doente, ela tem que cuidar de si mesma. Mas se uma criança ou se um idoso que mora na sua residência fica doente, também é sobre a mulher que recai esse cuidado, essa tensão”, explica Fernando.

O estudo conclui que melhorar o saneamento poderia aumentar a escolaridade das crianças e aumentar a renda das mulheres, que poderiam trabalhar mais e ganhar mais. Com a universalização do saneamento básico, a estimativa é de que mais de 630 mil mulheres sairiam da pobreza.

A Lisandra conta que as meninas não ficam mais com diarreia. Nos próximos dias ela começa um novo emprego. “Estou planejando arrumar meu banheiro. Estou contente com o novo emprego”.

Fonte: G1 GLOBO

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